Quem sou eu

Só de lembrar da mardita me lembrei de abaeté. Rui Barata

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA

Origem
A origem do município de Abaetetuba está relacionada com a história de Abaetetuba e Beja, que, a princípio, constituíam Vilas distintas e, posteriormente, foram incorporadas e passaram a pertencer ao mesmo município.

Os frades capuchos de Santo Antônio, após fundarem o Convento do Una, em Belém, em 1617, passaram a percorrer as terras onde habitavam os índios remanescentes da tribo Mortiguar. Nesse território construíram uma aldeia com caráter de missão religiosa.

O então governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado nomeou a nova aldeia de Samaúma. Tempos depois, a aldeia de Samaúma foi instalada como Freguesia, com o nome de São Miguel de Beja.

Os frades capuchos ali permaneceram até 1653, sendo substituídos pelos padres jesuítas, inicialmente através do padre alemão Aluízio Conrado Pfeil, que já catequizava a tribo dos índios abaetés. Com a sua partida, substituiu-lhe o padre Antônio Ekel, que deu início à construção de um templo, concluído somente dois séculos depois, já em 1883, pelo padre Francisco Manoel Pimentel.

Outro jesuíta de renome que por lá andou foi o padre João Felipe Bettendorf, autor da obra intitulada História, que serve de base para o estudo do passado colonial do Estado do Pará.

Política

A partir dos idos de 1804, a Freguesia São Miguel de Beja chegou a ter o seu Senado da Câmara, que era constituído por um juiz ordinário, o senhor Manoel Jorge Soares, e por cinco oficiais do Senado.
Em 1805, quem passou a ocupar o cargo de juiz ordinário foi José Pereira de Lacerda, permanecendo como tal até o ano de 1822, quando, na realidade, foi criado o Corpo de Oficiais do Senado. Em 1824, o Pará já estava integrado ao Império do Brasil, e o juiz constituído era o senhor Hermenegildo Francisco Melo. Em 1828, o Corpo de Oficiais do Senado foi extinto.

Vila de Abaeté
Em 1833, em decorrência da decisão tomada pelo Governo Provincial em dar uma nova organização municipal ao Pará (sessões de 10 a 17de maio daquele ano), extinguiu-se o Senado de Beja.

No dia 30 de setembro de 1839, mediante a determinação do presidente Bernardo de Souza Franco, a Freguesia de São Miguel de Beja perdeu a sua autonomia, tendo sido o seu território anexando ao da vila de Abaeté.

A vila de Abaeté, assim como Beja, fora fundada por religiosos. No local também morava o português Francisco de Azevedo Monteiro, que ganhou do governo uma Sesmaria, a sua escolha, na região do Baixo-Tocantins.

Em 1745, Francisco Monteiro e sua família seguiram numa embarcação à procura de um lugar que lhe agradasse e servisse para o estabelecimento de sua Sesmaria. Antes de chegar a Beja, um temporal irrompeu, desviando-o da rota, conseguindo chegar a uma ponta de terra (jurumį, às margens do rio Maratanira, onde aportou e resolveu se radicar.

Capela
Com a ajuda de seu pessoal e dos nativos, deu início à construção de uma capela de taipa e barro, sob a invocaēćode Nossa Senhora da Conceição. Com o passar dos anos, não encontrou terras ricas em cravo - uma das 'drogas do sertão' -; desiludido, Monteiro desistiu da Sesmaria e retornou a Belém com sua família.

Em 1773, algumas famílias vindas do Marajó acabaram por se instalar na antiga Sesmaria de Francisco Monteiro, dando início a um povoado. Entre elas, veio junto Mariana Brites, que se juntou a André Soares Muniz, natural de Beja. Dessa união nasceu uma menina, Tereza, que se casou com Manoel da Silva Raposo. Este, estimulado pela sogra, reconstruiu a capela de Nossa Senhora da Conceição.

O trabalho de Manoel Raposo em prol do povoado, fez com que o governo concedesse a ele a posse da Sesmaria. Próximo ao final de sua vida, Raposo acabou por doa-la ą Mitra Diocesana.

Elevação

Em 1797, atendendo aos apelos do padre Aluísio Conrado Pfeil junto ao Bispado, o povoado foi elevado à categoria de Freguesia, sob o orago de Nossa Senhora da Conceição de Abaeté, subordinada, porém, ao território eclesiástico de Beja.
Com a Divisão Judiciária estabelecida pelo Governo Provincial, em maio de 1833, a vila de Abaeté foi anexada ao território da Capital do Estado, a cuja jurisdição pertencia originalmente.

Em 1839, o território de Beja também passou a compor a área patrimonial de Abaeté. Em 1844, Abaeté e Beja foram incorporados ao município de Igarapé-Miri, através da Lei nŗde 118, de 11 de setembro. Em 1877, através da Lei nŗ885, de 16 de abril, voltou a integrar o patrimônio de Belém, até o ano de 1880, na qualidade de Freguesia.
Em 1883, o presidente da Província do Pará, José Araújo Danim, assinou a Lei nº 973, de 23 de marēo, elevando a freguesia de Abaeté ą condiēćo de Vila, criando, assim, o Municķpio de Abaeté, ao qual passaram a pertencer, também, as terras da antiga freguesia de Beja. A instalação da Câmara Municipal ocorreu no dia 7 de janeiro do ano seguinte, em Abaeté, muito embora Beja reivindicasse ser a sede municipal.

República
Com o advento da República, o Governo Provisório dissolveu a Câmara Municipal, através do Decreto nº 36, de 13 de fevereiro de 1890. Porém, na mesma data, o Decreto nº 37, criava o Conselho de Intendência Municipal, sendo presidido por José Honório Roberto Maués. Como o presidente não aceitasse a sua própria nomeação, foi substituído por José Benedito Ruiz, empossado a 17 de abril seguinte.

Em 1891, Ruiz foi obrigado a renunciar, sendo substituído pelo Capitão Manoel João Pinheiro. Indignado com o fato, Ruiz tentou impedir a posse do novo Intendente, todavia, sem êxito. Empossado o Capitão Pinheiro, a sua primeira medida foi pedir as autoridades a puniēćo de Ruiz e de seus seguidores.

Em 1895, o governador Lauro Sodré assinou a Lei nº 334, de 6 de julho, elevando Abaeté ą categoria de Cidade, sendo instalada oficialmente no dia 15 de agosto do mesmo ano.

O surgimento de uma grave questão, acerca de que o Município não seria o legítimo proprietário das terras do seu principal distrito - uma vez que a área onde estava erigida a cidade de Abaeté pertencia a Diocese do Parį, doada por Manoel da Silva Raposo -, criava embaraēos para as autoridades locais.

Dessa maneira, em 1903, a Intendência de Abaeté abriu uma questão judicial contra a Mitra Diocesana; após os trâmites do processo judicial, os causídicos chegaram a um acordo, referendado pelas duas partes, no seguinte termo: a Diocese seria indenizada em dez contos de réis (moeda da época).
No dia 13 de outubro de 1904, no cartório do tabelião Gama, foi lavrada a nova escritura, confirmando a posse das terras ao município de Abaeté. Em 1930, o Governo Revolucionário, mediante o Decreto nº 6, de 4 de novembro, incorporou o território de Abaeté as terras do município de Igarapé-Miri. No mês seguinte, pelo Decreto Estadual nº 78, de 27 de dezembro do mesmo ano, voltou a ganhar a sua autonomia municipal, sendo desmembrado de Igarapé-Miri.
A toponomia foi alterada em 1943, quando passou a chamar-se de Abaetetuba, devido a Lei Federal que proibia a duplicata de topônimo de cidades e vilas brasileiras. Pelo mesmo decreto, que entrou em vigor a 1ŗ de janeiro de 1944, foi a cidade erigida em comarca, desligando-se juridicamente, da comarca de Igarapé - Miri.

Jornal

O primeiro jornal que surgiu em Abaetetuba foi "O Abaetense", editado por Garibaldi Parente. Tempos depois, o mesmo jornalista, editou "A Folha do Mato" e "O Colibri", que não duraram muito.
Em 1904, apareceu "O Correio de Abaeté", editado por Aristides Reis e Silva, Intendente municipal e deputado estadual. O periódico passou a ser órgão oficial da Intendência, enquanto seu editor mantinha o cargo.



Cultura

Entre as manifestações culturais locais, destaca-se a Folia dos Reis, hoje bastante modificada, uma vez que "os instrumentos agora utilizados incluem os sopros e, na verdade, os brincantes não se constituem mais em grupos", o que expressa a autenticidade e o tradicionalismo do Município.

Grupos de Bois-Bumbas, Pássaros e Quadrilhas, Carimbó e Pastorinhas, também compõem o universo das manifestações culturais do município de Abaetetuba.
O artesanato local é representado pela fabricação de embarcações, confecção de rendas, bordados, brinquedos (bonecos e bichos), bem como de peças produzidas a partir da utilizacão de recursos naturais, como raízes, sementes e outros. A pintura e o desenho, além da escultura, completam o mosaico das mais diversas produções artesanais do Município.

A igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a igreja de São Miguel de Beja constituem os principais monumentos históricos de Abaetetuba. Os equipamentos culturais, por sua vez, são representados por uma Biblioteca Pública, uma Casa da Cultura e um Cinema.
Aspectos físicos e territoriais
O município de Abaetetuba pertence à Mesorregião do Nordeste Paraense e à Microrregião de Cametá. A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: 01ŗ 43' 24" de latitude Sul e 48ŗ 52' 54" de longitude a Oeste de Greenwich.

Limites ao Norte - Rio Pará e município de Barcarena

A Leste - Município de Moju

Ao Sul - Municípios de Iguarapé-Miri e Moju

A Oeste - Municípios de Iguarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru e Muaná
Solos
Predominam no município o Latossolo Amarelo distrófico, textura média, associado ao Podzol Hidromórfico e Solos Concrecionável Lateríticos Indiscriminados distróficos, textura indiscriminada, em relevo plano. Nas ilhas, acham-se presentes, em manchas, os solos Gleusa eutróficos e distróficos e Aluviais eutróficos e distróficos, textura indiscriminada.

Vegetação
A cobertura vegetal original, representada pela Floresta Hileiana de grande porte (Floresta Densa de Terra Firme), que recobria maior parte do município de Abaetetuba, indistintamente, é praticamente inexistente, dando lugar a Floresta Secundária, intercalada com cultivos agrícolas.

As áreas de várzea apresentam sua vegetação característica, com espécies ombrófilas latifoliadas (de folhas largas), intercaladas com palmeiras, dentre as quais desponta o açaí como uma espécie de grande importāncia para as populaēões locais.
Patrimônio natural
A alteração da cobertura vegetal, observada em imagens de satélite Landsat-TM, do ano de 1986, somou 88,40%. Os acidentes geográficos mais importantes são os rios Pará, Abaeté (com uma pequena cachoeira com esse nome), Jarumã, Arapiranga de Beja, Arienga, Itanambuca e Itacuruçá.

O município contém cerca de 45 ilhas, com destaque para as ilhas do Capim (com 944,7 ha), Sirituba e Campopema. A praia de Beja é considerada a mais bonita e atrativa do Município.

Topografia
Os acidentes topográficos do Município são inexpressivos, com terrenos localizados na margem direita do trecho baixo do rio Tocantins, com cotas que oscilam entre 5 a 20 metros.

Geologia e relevo

Constituídos
por terrenos sedimentares do Terciário (Formação Barreiras) e do Quaternário Antigo e Recente, a estrutura geológica de Abaetetuba reflete, não só em sua porēćocontinental, mas, também, na insular, grande simplicidade nas suas formas de relevo. Apresenta, ora amplos tabuleiros pediplanados, que formam os terrenos mais recentes, inseridos na unidade morfoestrutural do Planalto Rebaixado do Baixo Amazonas.

Hidrografia
O principal rio do município de Abaetetuba é o Pará, que é o limite natural, a noroeste, com os municípios de Muaná e Ponta de Pedras. Nesse rio, se destacam dezenas de ilhas: Urubuéua, Sirituba, Capim, Compopema, entre outras. Importante, também, é o rio Abaeté que banha a sede do Município e desagua na baía do Capim.

Outros rios que desaguam na baía do Capim são: Guajará de Beja, Arapiranga de Beja e o Arienga, este último fazendo limite com Barcarena, a nordeste. Destaca-se, ainda, o rio Itanambuca, que serve de limite natural, a sudoeste, com o município de Igarapé-Miri.

Clima
O clima no município de Abaetetuba é do tipo Am, segundo a classificação de Köppen, que corresponde a categoria de super úmido. Apresenta altas temperaturas, inexpressiva amplitude térmica, e precipitações ambulantes.